Blog

Dia das Mães

Então estávamos no dia das mães em 2021…
Quando o joão de barro que mora na minha árvore, o ficus, tromba no vidro das piscinas e tenta voar de novo, bate no vidro e morre, me traz uma tristeza sem fim.
Conectei com minhas perdas amadas.
Choro pela ausência, choro pela impotência, aperta meu coração que parece vazio. Um vazio sem fim, de não ver mais aquele pássaro brincando na minha grama, cantando naquela árvore que eu aprecio todas as manhãs.
Cantando no alto daquela árvore que eu aprecio…

Durante o meu despertar vendo ele entrar e sair da sua casa que só crescia .
Ouvir seu canto enquanto ele só pulava de um lado para o outro .
Quanta alegria ele me trouxe.
Me trazia sua música e me mostrava sua casa que só crescia. Revezava entrada e saída com sua companheira. E cantava…
Hoje em minhas mãos sentindo seu corpinho mole, suas penas balançavam no vento desse dia de outono, minhas lágrimas transbordavam os sentimentos de tristeza, impotência e já a saudade e vazio que ele deixou amor e no meu coração.
Como dói essa conexão com nossas perdas, ou finalização de ciclo, de vida.
Meu coração reverbera a saudade de minha mãe e de outras mulheres que a representaram após sua ausência há 24 anos.
Que saudade!
E como o pássaro que silencia neste dia, minha mãe silenciou, partiu como ela mesma dizia – partiu – “a dor da partida. “
Mas ela me abraçava e eu ainda não sabia o que era isso.
Esse silêncio. 
suas orientações de amor incondicional .
A importância da perda e a necessidade de desempenhar o meu papel de mãe sem transbordar essa dor, essa ausência, essa proteção.
E então com meu filho nos braços com apenas cinco meses em sua despedida ela ainda me orientava:
– “Eu já terminei minha missão, minha filha, agora você tem sua família e seu filho pra cuidar”. E foi assim nossa despedida.
Com uma simplicidade e paz no seu coração que ao mesmo tempo que me amparava e guiava também me dava desespero que eu preferia escolher não acreditar naquela verdade crua – cruel e tão simples. Me mostrando a vida como ela é! Permitindo encerrar o ciclo cada um com a sua maneira.
Encerramos ciclos de relacionamento, negócios, de amizades, e de tantos outros e, enquanto isso, a vida segue, o sol nasce, a noite chega mesmo com o vazio em nosso coração.
Após essas palavras encharcadas de lágrimas aqui neste caderno, vão me aliviando a dor, recebo a visita do marido perguntando se melhorei, recebo um abraço que me acolhe e percebo que o gato me faz a companhia no seu silêncio amoroso.
Respiro fundo sem perceber que já aliviou a pressão que transbordava em lágrimas.
Sinto muito pelo acontecido.
Agradeço a presença enquanto me dói permitida.
Peço perdão pela minha impotência e percebo e quanto amo estar viva aqui e agora.
Então vou me recompor agora, esperar meu filhão acordar e receber seu abraço de dia das mães, aproveitando cada segundo enquanto estou aqui e agora.
Com amor Líli Fantoni.

Compartilhe essa matéria

Rolar para cima

Contato